Nova enzima revoluciona produção de etanol de segunda geração e impulsiona biocombustíveis

André Rocha 79 visualizações
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Uma descoberta científica pode transformar a produção de etanol de segunda geração e fortalecer o Brasil como referência global em biocombustíveis.

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), desenvolveram uma enzima inovadora capaz de tornar mais eficiente a conversão de resíduos agrícolas em combustível renovável.

Batizada de CelOCE, a nova enzima se destaca pela capacidade de degradar a celulose de fontes como bagaço de cana, palha de milho e outros resíduos, tornando o processo produtivo mais eficiente e sustentável.

A inovação promete reduzir desperdícios e elevar a viabilidade econômica do etanol de segunda geração (E2G), que se consolida como alternativa aos combustíveis fósseis.

Mais eficiência na conversão de biomassa

O grande diferencial da CelOCE é sua alta eficiência na quebra da celulose, um dos principais desafios para a produção de etanol de segunda geração.

A tecnologia permite uma liberação de açúcares até 20% maior em comparação com avanços anteriores na área, segundo Mário Murakami, líder da pesquisa.

“Não se trata apenas de uma nova enzima, mas de um entendimento mais profundo sobre a interação microbiana com a celulose.

Essa descoberta pode acelerar a transição para uma economia circular baseada em fontes renováveis”, explica Mario Murakami.

Com a maior eficiência na conversão da biomassa, a produção de etanol pode se tornar mais competitiva, reduzindo custos e a necessidade de matéria-prima para gerar a mesma quantidade de combustível.

Benefícios ambientais e impactos econômicos

O etanol de segunda geração já é uma opção mais sustentável que o convencional, pois aproveita resíduos agrícolas em vez de depender do plantio de novas lavouras.

Com a CelOCE, esse processo ganha ainda mais eficiência, reduzindo emissões de carbono e evitando o descarte inadequado de grandes volumes de biomassa.

A tecnologia também pode impulsionar a diversificação da produção de biocombustíveis, abrindo caminho para alternativas como gasolina verde, diesel renovável e bioquerosene para aviação.

No cenário global, a inovação fortalece a posição do Brasil no mercado de bioenergia, ampliando oportunidades para exportação de tecnologia.

Desafios para adoção em larga escala

Apesar do avanço, a implementação da CelOCE em escala industrial ainda exige investimentos e adaptação da infraestrutura existente. Biorrefinarias precisarão integrar a nova tecnologia aos processos produtivos, o que demanda testes em larga escala.

Especialistas também apontam que incentivos governamentais serão fundamentais para acelerar a adoção do etanol de segunda geração.

Políticas que fomentem biotecnologias avançadas podem tornar a matriz energética mais sustentável e competitiva.

Com a CelOCE, o Brasil dá um passo importante na inovação em biocombustíveis, consolidando seu papel na transição para uma economia de baixo carbono.

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