Em uma estratégia para fortalecer as relações comerciais e ambientais entre Brasil e União Europeia, uma comitiva brasileira, liderada por Jaime Verruck, secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), e Artur Falcette, secretário-executivo de Meio Ambiente, participou de reuniões importantes em Bruxelas, Bélgica.
O foco principal foi o impacto e a implementação do Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) da União Europeia, que busca proibir a importação e o comércio de produtos ligados ao desmatamento após 2020.
Durante as reuniões, que incluíram encontros com membros do Parlamento Europeu e representantes da Comissão Europeia, a delegação brasileira apresentou uma nota técnica destacando a relevância das florestas plantadas para a economia nacional e, em particular, para o estado de Mato Grosso do Sul. A preocupação central era entender os mecanismos de verificação e rastreabilidade exigidos pelo EUDR, especialmente considerando que a responsabilidade recai sobre os importadores europeus.
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Jaime Verruck, representando o governo de Mato Grosso do Sul, expressou preocupações específicas em uma reunião com Bernd Lange, presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu. Entre as questões levantadas, destacou-se a necessidade de um prazo mais extenso para estabelecer uma cadeia de custódia eficiente e a rastreabilidade de commodities como a celulose, visando minimizar os impactos da nova legislação europeia.
Um levantamento realizado pelo IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores) revelou que menos de 1% das florestas plantadas no Brasil sofreram desmatamento após 2020, indicando um impacto limitado do EUDR no setor. No entanto, a implementação da norma permanece como um desafio significativo.
A comitiva também enfatizou a importância do reconhecimento dos dados de rastreabilidade gerados no Brasil. O Ministério da Agricultura do Brasil está desenvolvendo uma plataforma para ser reconhecida pela União Europeia, integrando os sistemas de certificação e rastreabilidade já existentes no país. Essa iniciativa inclui certificações internacionais, algumas das quais são europeias, garantindo a conformidade com os padrões de rastreabilidade exigidos.
Outra preocupação discutida foi a segurança dos dados comerciais que serão compartilhados na plataforma. A delegação brasileira buscou garantias de que a implementação da lei europeia não resultaria em impactos negativos ou custos adicionais para a indústria de base florestal brasileira.
O secretário Jaime Verruck concluiu destacando a importância dessas discussões para o estado de Mato Grosso do Sul e para o Brasil como um todo. Além do setor florestal, o EUDR afetará significativamente outros segmentos do agronegócio, como a produção de carne e soja.
Essas negociações representam um passo crucial na busca por um equilíbrio entre a produção agrícola sustentável e as exigências ambientais globais. A colaboração entre Brasil e União Europeia nesta frente é um exemplo de como o diálogo e a inovação podem conduzir a soluções eficazes para desafios ambientais e comerciais contemporâneos.