Um projeto que une arqueologia, educação e desenvolvimento sustentável pode colocar Mato Grosso do Sul em evidência internacional com a chancela da Unesco.
O Trilha Rupestre: Inovações e Tecnologias Sociais na Bioeconomia Local, iniciativa financiada pela Fundect, está na disputa pelo selo do programa Unesco-MOST BRIDGES, uma certificação destinada a projetos que promovem impacto social positivo e soluções sustentáveis.
Desenvolvido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em parceria com a Cátedra Unesco, o projeto mapeia e conecta municípios ricos em sítios arqueológicos de pinturas rupestres, criando uma rota educacional e turística.
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A proposta vai além da pesquisa científica, impulsionando a bioeconomia local ao integrar conhecimento acadêmico, cultura e oportunidades econômicas para as comunidades.
Sítios arqueológicos como motor do desenvolvimento
Com 740 sítios cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Trilha Rupestre contempla 16 cidades: Alcinópolis, Bandeirantes, Campo Grande, Chapadão do Sul, Corguinho, Costa Rica, Coxim, Figueirão, Jaraguari, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Rio Negro, Rio Verde, Rochedo, São Gabriel do Oeste e Sonora.
A coordenadora científica do projeto, Lia Raquel Toledo Brambilla Gasques, destaca a importância da possível certificação. “O selo da Unesco traria visibilidade internacional e validaria nossa abordagem multidisciplinar, alinhada aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, afirma.
O presidente do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas da Unesco, Luiz Oosterbeek, ressalta o caráter inovador da Trilha Rupestre. “Esse projeto promove desenvolvimento sustentável e integra diversas vozes e perspectivas, respeitando a diversidade e a inclusão”, observa.
Seis eixos para o desenvolvimento integrado
A Trilha Rupestre atua em seis grandes eixos temáticos que conectam ciência, cultura e economia:
- Alimentar: valorização da culinária regional e ingredientes locais;
- Arqueológico: preservação e estudo dos sítios rupestres;
- Arquitetura e Arte-Cerâmica: resgate de técnicas construtivas e artísticas tradicionais;
- Botânico e Químico-Farmacêutico: pesquisa sobre a flora nativa e suas aplicações;
- Geopaleontológico: exploração turística da geodiversidade e fósseis da região;
- Turismo Sustentável: criação de roteiros que integram ecoturismo e cultura local.
Potencial internacional e impacto local
Aprovado pela Chamada Especial Fundect/UFMS N° 29/2021, o projeto recebeu investimento de R$ 500 mil, utilizado para consolidar as pesquisas e dar início às primeiras etapas.
Com a certificação da Unesco, a expectativa é ampliar as oportunidades de captação de recursos, atrair parcerias internacionais e fortalecer o turismo sustentável na região.
O Trilha Rupestre mostra como a preservação do patrimônio histórico pode ser uma força motriz para o crescimento econômico e social.
Se confirmado o selo, Mato Grosso do Sul pode se tornar referência global, provando que a inovação também se encontra no resgate e valorização do passado.