Produtores de natureza: Iniciativas inéditas impulsionam sustentabilidade no Pantanal

André Rocha 109 visualizações
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O Pantanal brasileiro dá um passo inédito na integração entre produção e preservação ambiental. Dois projetos pioneiros foram apresentados ao Governo de Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (21), reforçando o protagonismo do estado na agenda sustentável.

O primeiro crédito de biodiversidade voltado à onça-pintada no Brasil e a certificação de uma fazenda carbono neutro na planície pantaneira prometem transformar a relação entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

O evento, realizado no Receptivo do Governo do Estado, reuniu o governador Eduardo Riedel, o senador Nelsinho Trad, o deputado Paulo Corrêa e os secretários Jaime Verruck (Semadesc) e Artur Falcette.

Pantanal

Também participaram representantes de instituições ambientais, do setor produtivo e da iniciativa privada, interessados na crescente valorização da sustentabilidade.

Produzir natureza: um novo paradigma

“Transformar os produtores do Pantanal em produtores da Natureza.” Com essa frase, o secretário Jaime Verruck definiu o conceito por trás dos novos projetos.

Segundo ele, o estado não apenas avança rumo à meta de se tornar o primeiro Carbono Neutro do Brasil até 2030, mas também coloca em prática a Lei do Pantanal com soluções inovadoras e economicamente viáveis.

A proposta inclui modelos de negócio sustentáveis, certificados e com potencial de atrair investimentos, especialmente de mercados internacionais atentos à agenda ESG.

Fazenda Cristal: carbono neutro com reflorestamento inovador

Localizada em Corumbá (MS), a Fazenda Cristal, liderada por Milton Insuela Jr., é a primeira propriedade no Pantanal certificada como carbono neutro.

O projeto, desenvolvido em parceria com a VERTecotech, aposta no cultivo de bambu como estratégia para a captura de carbono e recuperação de áreas degradadas.

Além do impacto ambiental, a iniciativa envolve comunidades locais e cria oportunidades econômicas sustentáveis, aliando preservação e geração de renda.

Crédito de biodiversidade: a preservação como ativo

Outro projeto apresentado foi o primeiro crédito de biodiversidade do Brasil, idealizado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP). O mecanismo recompensa financeiramente a conservação da onça-pintada e de ecossistemas nativos em uma área de 50 mil hectares na Serra do Amolar.

A iniciativa envolve quatro comunidades ribeirinhas e 57 famílias que participam ativamente da preservação da fauna e flora.

O projeto conta com apoio da Regen Network, especializada em créditos ambientais, e da Okala, organização internacional de conservação.

Empresas, startups e investidores interessados em ESG podem adquirir esses créditos como forma de compensação ambiental, tornando a conservação um ativo rentável e rastreável.

Oportunidade para inovação e novos negócios

A entrada do Mato Grosso do Sul no mercado de carbono e biodiversidade abre espaço para o desenvolvimento de tecnologias e soluções inovadoras.

Startups e empresas podem explorar áreas como certificação digital, rastreabilidade ambiental, análise de dados geoespaciais e novos modelos financeiros, como green bonds e tokens ambientais.

Com a crescente demanda global por ativos sustentáveis, o estado se posiciona como referência em conservação lucrativa, criando um ambiente favorável para negócios de impacto.

Desenvolvimento econômico aliado à preservação

Para o governador Eduardo Riedel, os projetos apresentados marcam um novo momento para o estado. “Estamos mostrando que é possível crescer economicamente sem comprometer o meio ambiente.

Essas iniciativas são sólidas, replicáveis e colocam Mato Grosso do Sul na vanguarda da sustentabilidade no Brasil.”

A meta de tornar o estado carbono neutro até 2030 ganha força com ações práticas, certificadas e economicamente viáveis. A Lei do Pantanal sai do papel e se traduz em soluções concretas para quem vive e produz na região.

Uma nova economia baseada na natureza

O Brasil tem a chance de liderar uma economia que valoriza a floresta em pé, a fauna preservada e o conhecimento das comunidades tradicionais.

O que acontece hoje no Pantanal de Mato Grosso do Sul pode ser um modelo para outras regiões do país e do mundo.

Os “produtores de natureza” deixam de ser apenas um conceito e se tornam protagonistas de um novo desenvolvimento sustentável – e tudo indica que essa revolução começa no coração do Pantanal.

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