No primeiro trimestre de 2024, Mato Grosso do Sul se destacou ao registrar a quinta menor taxa de desocupação do Brasil, com um índice de 5%. O dado foi divulgado na sexta-feira (17) pela Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este resultado mostra uma leve alta em relação ao último trimestre de 2023, quando a taxa foi de 4%.
Cenário Nacional
Em nível nacional, a taxa de desocupação também subiu, aumentando meio ponto percentual e fechando em 7,9%. O crescimento das taxas de desemprego foi observado em sete estados e no Distrito Federal, uma variação que especialistas já previam.
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Impacto Sazonal
Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) de Mato Grosso do Sul, explicou que essa variação sazonal é recorrente no início de cada ano. “O aumento nas taxas de desocupação está ligado às demissões de trabalhadores temporários contratados para atender à demanda do comércio durante as festas de fim de ano”, afirmou Jaime Verruck.
Ele acrescentou que, embora o índice de 5% reflita a situação até março, a realidade atual pode ser diferente, visto que já se passaram mais de 45 dias desde a coleta dos dados.
Comparativo Anual e Pleno Emprego
Comparando com o mesmo período de 2023, quando a taxa de desocupação foi de 4,8%, observa-se uma estabilidade nos índices, reforçando a característica sazonal da variação. Jaime Verruck destacou que a taxa atual está próxima do que é considerado pleno emprego, definido por economistas como uma taxa de desocupação abaixo de 4% da população economicamente ativa.
No primeiro trimestre de 2024, apenas três estados atingiram a condição de pleno emprego: Mato Grosso e Rondônia, com 3,7%, e Santa Catarina, com 3,8%. O Paraná registrou a quarta menor taxa, com 4,8%, seguido por Mato Grosso do Sul, com 5%. A Bahia apresentou o maior índice de desocupação, com 14%, seguida por Pernambuco (12,4%) e Amapá (10,9%).
Disparidades de Gênero
A pesquisa do IBGE também revelou disparidades de gênero na desocupação. Em todas as regiões do Brasil, as mulheres são mais afetadas pela desocupação do que os homens. Essa diferença é mais acentuada no Nordeste, onde a taxa de desocupação entre os homens é de 9%, enquanto entre as mulheres chega a 14%. No Sul, a disparidade é menor, com taxas de 4,1% para homens e 6% para mulheres. No Centro-Oeste, a diferença é de 3,1 pontos percentuais, com 4,7% dos homens e 7,8% das mulheres desempregadas.
Metodologia da Pesquisa
O IBGE considera desocupadas as pessoas com mais de 14 anos que, na semana da realização da pesquisa, estavam sem trabalho remunerado, haviam tomado alguma providência para encontrar emprego nos 30 dias anteriores e estavam disponíveis para trabalhar naquela semana. O levantamento envolveu cerca de 2.200 entrevistas realizadas em 211 mil domicílios de 3.464 municípios, e os resultados estão disponíveis no site do Instituto.
Análise Econômica
Mato Grosso do Sul demonstra resiliência em seu mercado de trabalho. Mesmo com a oscilação sazonal, a economia do estado continua robusta, refletida na taxa de desocupação que se mantém abaixo da média nacional. A manutenção de um índice de desocupação relativamente baixo pode ser atribuída a diversos fatores econômicos e sociais, como a forte base agrícola e pecuária e a crescente diversificação industrial.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos índices positivos, Mato Grosso do Sul enfrenta desafios, como a disparidade de gênero no mercado de trabalho, que requer políticas públicas específicas para promover a igualdade de oportunidades. Iniciativas de qualificação profissional e incentivo ao empreendedorismo feminino são essenciais para reduzir essa desigualdade.
Além disso, a dependência de setores tradicionais, como a agricultura e pecuária, precisa ser equilibrada com o fortalecimento de setores emergentes, como tecnologia e serviços. O investimento em educação e capacitação técnica é fundamental para preparar a força de trabalho para as demandas futuras do mercado.
Os dados do primeiro trimestre de 2024 mostram que Mato Grosso do Sul está em uma posição favorável no cenário nacional em termos de desocupação. No entanto, é crucial continuar implementando políticas e iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades e a diversificação econômica.
Com uma estratégia focada em inovação, empreendedorismo e capacitação, o estado pode não apenas manter, mas melhorar suas condições de emprego, contribuindo para um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo.