Pequenos agricultores de Mato Grosso do Sul estão adotando uma abordagem pioneira em direção à sustentabilidade ambiental e econômica por meio do projeto Agroflorestar MS Carbono Neutro.
Essa iniciativa, que representa uma parceria estratégica entre o governo estadual e o setor privado, visa integrar a agricultura familiar ao crescente mercado de créditos de carbono no Brasil.
Durante uma reunião realizada na última sexta-feira, diversas partes interessadas do setor discutiram detalhadamente a iniciativa. Entre os participantes estavam Jaime Verruck, secretário da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc); Olácio Komori, presidente da Associação dos Produtores de Orgânicos do Mato Grosso do Sul (APOMS); David Lourenço, da Secretaria Executiva de Agricultura Familiar, de Povos Originários e Comunidades Tradicionais (SEAF/Semadesc); além de representantes da Acorn/Rabobank, que participaram por meio de videoconferência.
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Formalizado em dezembro de 2023, o Agroflorestar MS Carbono Neutro visa incorporar 800 pequenos agricultores em um programa que envolve a implementação de 2,5 hectares de sistemas agroflorestais cada, totalizando 2.000 hectares ao longo de quatro anos.
O aspecto inovador do projeto reside no modelo de compensação financeira por meio dos créditos de carbono gerados pela biomassa dessas agroflorestas, cuja quantificação é realizada por tecnologias de sensoriamento remoto, uma iniciativa possibilitada pela plataforma desenvolvida pela Rabobank Acorn.

Jaime Verruck destacou que o projeto não apenas busca estabelecer uma nova forma de negócio agropecuário para a agricultura familiar, mas também visa atingir metas ambiciosas de sustentabilidade. “Com a adesão de 35 produtores até o momento, estamos avançando significativamente em nosso objetivo de alcançar a neutralidade de carbono no estado”, afirmou o secretário.
O projeto inclui um design específico de agrofloresta que combina espécies nativas do Cerrado, como Cumaru e Jatobá, em consórcio com culturas frutíferas. Humberto Mello, secretário-executivo de Agricultura Familiar da Semadesc, ressaltou o apoio crucial de instituições de pesquisa, universidades e da Cresol para o desenvolvimento e implementação do projeto.
A expectativa é que o projeto esteja em plena execução até o início de 2024. Além de fortalecer a posição de Mato Grosso do Sul como líder em inovações sustentáveis, o empreendimento também serve como um modelo replicável que poderia transformar a agricultura familiar em uma força para o bem ambiental em outras regiões do Brasil e do mundo.
Apoiado por organizações como a Rabo Foundation, Cooperapoms e a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), esse projeto ambicioso reflete o compromisso crescente com práticas de desenvolvimento sustentável e pode estabelecer um novo padrão para o envolvimento de pequenos produtores em iniciativas globais de mitigação das mudanças climáticas.