Em um avanço significativo para a indústria de cosméticos e a sustentabilidade ambiental, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), liderados pela renomada doutora Nídia Cristiane Yoshida, estão revolucionando o uso de recursos naturais.
Com o apoio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), o grupo de pesquisa do Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais Bioativos (PRONABio) alcançou um marco histórico: o primeiro pedido de patente para o uso do óleo essencial da Guavira, uma fruta emblemática da região, em produtos cosméticos.
Este desenvolvimento pioneiro, que inclui a combinação do óleo essencial e hidrolato da Guavira, promete enriquecer o mercado com perfumes, cremes e sabonetes inovadores. O projeto, que começou como uma investigação mais ampla sobre fragrâncias e bioativos dos frutos do Pantanal e do Cerrado, destacou-se pela sua abordagem sustentável, focando no aproveitamento de resíduos subutilizados da indústria alimentar, como cascas e sementes.
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A pesquisa, que durou dois anos, resultou na extração de cerca de 5 mililitros de óleo essencial por quilo de resíduos, abrindo caminho para a criação de uma variedade de produtos cosméticos. Além do seu aroma agradável, o óleo essencial e o extrato da Guavira mostraram-se ricos em propriedades antioxidantes e emolientes, bem como substâncias clareadoras, tornando-os ideais para uso em cosméticos.
A solicitação da patente é vista como um grande avanço, não apenas protegendo a invenção, mas também permitindo que a comunidade científica participe ativamente das decisões sobre o processo produtivo. Este passo é crucial para transformar os resultados da pesquisa em produtos comerciais.

O projeto também se alinha com os princípios da bioeconomia sustentável, como destacado pelo diretor-científico da Fundect, Prof. Nalvo Franco de Almeida Júnior. Ele enfatiza a importância de estabelecer um modelo econômico que atenda às necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras.
A equipe de pesquisa recebeu um impulso significativo com a chegada da dra. Érica Luiz dos Santos, especialista em Química de Produtos Naturais. Sua experiência na indústria de matérias-primas para cosméticos acelerou o processo de pesquisa, destacando a importância da conservação do Cerrado e a valorização de seus recursos naturais.
Além dos pesquisadores principais, o projeto contou com a participação ativa de alunos de iniciação científica da UFMS e colaboração de especialistas em cadeias produtivas e organizações focadas no cultivo e comercialização da Guavira.
Por fim, o estudo foi integrado à Trilha Rupestre, um programa da UFMS apoiado pela Fundect, que visa fortalecer cultural, turística e economicamente os municípios do corredor ecológico Cerrado-Pantanal. Este projeto não apenas destaca a inovação e a tecnologia, mas também enfatiza a preservação da biodiversidade, demonstrando o potencial da Guavira como um recurso sustentável e valioso para o futuro da indústria cosmética e do meio ambiente.