Em outubro de 2024, Elon Musk apresentou ao mundo o mais recente avanço da Tesla: o robô humanoide Optimus. Durante o evento “We Robot“, o protótipo impressionou ao realizar tarefas como servir bebidas, brincar de pedra-papel-tesoura e até expressar opiniões políticas, demonstrando um nível avançado de inteligência artificial (IA). No entanto, no Brasil, a discussão sobre robôs humanoides já havia sido antecipada na dramaturgia, mais de uma década antes, com a novela Morde & Assopra (2011), de Walcyr Carrasco.
Optimus: a promessa de um futuro robótico
O Optimus representa a ambição de Elon Musk de integrar robôs ao cotidiano das pessoas, desde a realização de tarefas simples até funções complexas em ambientes domésticos e corporativos. A capacidade do robô de interagir de forma autônoma com os convidados, oferecendo bebidas e até respondendo a questões políticas, causou impacto e reacendeu debates sobre o futuro da automação, o mercado de trabalho e o papel das máquinas nas relações humanas.
Com essa inovação, a Tesla reafirma sua posição de destaque na corrida tecnológica pela automação e IA, um setor no qual gigantes como Boston Dynamics também têm investido.
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“Morde & Assopra” e a ficção à frente de seu tempo
Em 2011, Walcyr Carrasco trouxe à TV brasileira uma abordagem dramática e humana sobre a relação entre homens e robôs. Na novela Morde & Assopra, a personagem Naomi, interpretada por Flávia Alessandra, era uma androide criada pelo cientista Ícaro (Mateus Solano) para substituir sua esposa, desaparecida após um acidente. O enredo explorava dilemas éticos e emocionais, colocando em discussão o que significa ser humano e as implicações de substituir pessoas por máquinas.
Enquanto a trama era ficcional, o questionamento levantado por Carrasco antecipava debates que, hoje, são uma realidade na ciência: até que ponto é ético criar máquinas com aparências e comportamentos humanos? Como lidar com o impacto psicológico e social dessas criações?
A cena icônica e o julgamento de um robô
Um dos momentos mais marcantes da novela foi o julgamento de Naomi, após a robô ser acusada de matar o delegado Pimentel (Tarcísio Filho). A revelação de sua culpabilidade chocou os personagens e o público, transformando a cena em um marco da televisão brasileira. Esse evento ficcional, embora dramático, também serviu para trazer à tona questões sobre a responsabilidade de máquinas inteligentes e o limiar entre programação e livre-arbítrio.
Desafios da atuação: a experiência de Flávia Alessandra
Em entrevista em 2012, Flávia Alessandra revelou os desafios de interpretar duas versões da mesma personagem: a humana e a androide. Segundo a atriz, compor a postura robótica de Naomi foi fisicamente exigente, além de demandar uma precisão emocional para equilibrar as interações da personagem com outros personagens. O papel rendeu elogios pela complexidade e sensibilidade com que retratou a dualidade da personagem.

Robôs no entretenimento: quando a ficção antecipa a realidade
Ao longo da história do entretenimento, diversas obras, como Blade Runner e Westworld, abordaram o impacto da convivência entre humanos e máquinas. No Brasil, Morde & Assopra trouxe esse debate para o público de forma acessível e dramatizada, explorando como a tecnologia pode interferir na vida cotidiana.
Hoje, com o lançamento de robôs como o Optimus, o limite entre ficção e realidade se torna cada vez mais tênue. A capacidade de robôs interagirem em nível avançado levanta preocupações éticas e discute os direitos e os limites dessas criações.
O futuro dos robôs: desafios e promessas
Embora ainda estejamos distantes de ver robôs humanoides em lares e escritórios com a mesma frequência que vemos em filmes e novelas, empresas como Tesla e Boston Dynamics pavimentam o caminho para essa realidade. Especialistas veem potencial em robôs para executar tarefas repetitivas e até prestar assistência em cuidados médicos. No entanto, o avanço da robótica exige discussões éticas e regulatórias para garantir o uso responsável dessas tecnologias.
Ficção brasileira como precursora do debate tecnológico
O lançamento de Optimus pela Tesla é um marco para a robótica, mas a ficção brasileira, por meio de Morde & Assopra, já havia trazido essas reflexões para o público em 2011. A novela de Walcyr Carrasco não apenas entretinha, mas também antecipava questões que hoje são centrais nas discussões sobre tecnologia e humanidade.
O futuro dos robôs já começou, e o Brasil, por meio da ficção, também participou dessa construção.