Campo Grande deu, nesta segunda-feira (6), um passo inédito para o fortalecimento do empreendedorismo feminino.
A capital sul-mato-grossense inaugurou a primeira Sala da Mulher Empreendedora da região Centro-Oeste tornando-se a terceira cidade do país a implementar esse tipo de estrutura.
A iniciativa, instalada na sede da Secretaria Executiva da Mulher (SEMU), no centro da cidade, foi viabilizada por meio de uma parceria entre a Prefeitura Municipal e o Sebrae/MS.
O espaço funcionará como centro de orientação, capacitação e suporte técnico para mulheres que desejam empreender ou já conduzem seus próprios negócios, mas buscam mais estrutura e apoio para crescer.
Mais do que incentivo, oportunidade
Durante a cerimônia de inauguração, a prefeita Adriane Lopes destacou que a proposta vai além da formalização de empresas.
“As mulheres de Campo Grande não precisam apenas de incentivos, mas de oportunidades reais. Estamos entregando um espaço que transforma boas intenções em ações concretas”, afirmou.
A Sala da Mulher Empreendedora oferece atendimento personalizado, desde o diagnóstico inicial até o acompanhamento estratégico das empreendedoras, incluindo plano de negócios, acesso a crédito, marketing, planejamento financeiro e inserção em redes de comercialização.
Rede de apoio contínua
Segundo a secretária-executiva da SEMU, Angélica Fontanari, o grande diferencial do projeto é a continuidade. “Não é apenas sobre abrir um CNPJ ou fazer um curso.
Queremos acompanhar cada mulher em todas as etapas do seu negócio, criando uma rede de suporte consistente”, explicou.
Ela também reforçou que a proposta foi pensada para a realidade multifacetada da mulher empreendedora, muitas vezes sobrecarregada por outros papéis sociais. “Queremos que saibam que não estão sozinhas.”
Desafio estrutural
Dados do Sebrae/MS apontam que o estado tem a segunda maior proporção de negócios liderados por mulheres no país. Apesar do número expressivo, muitas dessas iniciativas enfrentam altas taxas de mortalidade.
Para a diretora técnica da entidade, Sandra Amarilha, o problema não é a falta de capacidade, mas a ausência de suporte contínuo.
“O empreendedorismo feminino, muitas vezes, nasce da necessidade. Mas sem apoio estruturado, muitos negócios não resistem. A Sala vem justamente para preencher essa lacuna”, afirmou.

Integração com políticas públicas
A nova estrutura contará com equipe técnica capacitada e integração com outras ações de formação e capacitação do município, como a Escola de Capacitação Profissional (ESCAP), o programa Mulheres Mil, o Funsat Escola e programas coordenados pela Secretaria da Juventude (Sejuv).
A proposta é criar um ecossistema de inovação social, com transição fluida entre capacitação, formalização e desenvolvimento dos negócios.
Modelo para o país
Para o superintendente do Sebrae/MS, Claudio George Mendonça, o modelo implantado em Campo Grande é replicável e pode inspirar outras cidades.
“Trata-se de um projeto construído em rede, com múltiplas entidades envolvidas e foco em resultados de longo prazo. Campo Grande está mostrando que não é preciso esperar mais três décadas por igualdade”, disse.
Próximos passos
A expectativa da SEMU é ampliar o alcance da Sala nos próximos meses, levando ações itinerantes para bairros periféricos e distritos, além de firmar parcerias com instituições de ensino e organizações da sociedade civil.
O impacto esperado vai além de números. Mais do que capacitar ou formalizar empresas, o projeto busca fortalecer a autoestima das mulheres, garantir segurança nas decisões e ampliar as perspectivas de crescimento.
Empreender com identidade e suporte
A inauguração da Sala da Mulher Empreendedora marca um avanço importante nas políticas públicas de Campo Grande. Reconhece as mulheres como protagonistas do desenvolvimento econômico e social da cidade, e reafirma o compromisso da capital com a equidade de gênero, o empreendedorismo e a inovação.